quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Carta ao príncipe

À Vossa Magnificência, o Príncipe (qualquer um dos engravatados)


            Venho por meio desta, de forma mui respeitosa, ofertar-vos meus tão humildes conhecimentos à cerca dos meandros que são necessários percorrerem para o êxito nas conduções políticas, para a manutenção da ética e moral religiosa como mantenedoras da sociedade, para perpetuação da harmonia social e de vossa honradíssima posição.
            Os dias que passaram não foram fáceis, os dias presentes são de observância dos que foram e reflexão para os vindouros, e estes são o foco, o objetivo harmonioso de nossa reconstrução política.
            Não é a intenção deste singelo, e ousado, plebeu ministrar-lhe as decisões, direcionar-lhe os passos ou conduzir-lhe a administração do povo, o qual tão carinhosamente tratais por “turba imprestável”. Muito pelo contrário, não quero fazer do cavalo tílburi e do tílburi, cavalo. Quero apenas prestar-vos um serviço, não que necessariamente vós o necessitais, mas tenho na minha frutuosa caminhada experiências assaz condizentes com as nossas mais urgentes necessidades. Conhecimento não tem o mesmo destino, fisiologicamente falando, que os refinados vinhos ou os apetitosos galetos ao molho que vossa majestade ingere.  Ao contrário, são úteis, quando usados para o bem, ou à nação.
            Creio eu, usando da mais pura e incomparável lógica, que vossa magnificência tem total ciência do vazamento dos recentes escândalos envolvendo familiares seus e outros nobres próximos, homens de pura confiança e importantes para o vosso principado. Escândalos da casa dos mais puros impropérios e imoralidades. Quero ajudar-vos! Por isso dedico-vos meus préstimos, que aqui estão compilados em palavras objetivas e de fácil compreensão.
            Conduzir o povo requer trejeitos artísticos e familiaridade com arte de improvisar e persuadir, afinal de que vale ao mar os náufragos senão a certeza de sua imensidão, ou de que vale ao tecido real as mãos calejadas que a cosem?