quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Astronauta

Quod scripsi, scripsi.
           
Tanto que vivi não parece ser o suficiente, nem me vejo travado, muito menos perto do fim. Medieval eu fui, consegui usufruir de todo o princípio; o princípio do ópio de Marx. Mergulhei nos astros por interesses alheios aos meus e vivo com o crânio fincado no prego do patíbulo sistêmico, rubro, azul e sem cor nenhuma. O amor que eu sinto não é o meu, porque se meu fosse seria, sim, o impossível, o incapaz de existir. As minhas ideias não são minhas, são suas e deles. No Gólgota sob o olhar gretante do sol vários foram os que no mesmo madeiro cru e crispado morreram, mas o cobertor dos meus neurônios dedica a apenas um deles a lembrança, não é mesmo Marcos, Lucas, Mateus e João? Não é mesmo Saramago? Vociferaram muitos contra o oculto da felicidade e do amor. É aquilo que existe de concórdia na discórdia, do que se deve fazer de mal para conseguir o bem.
De todos os ideais apenas um não sucumbiu, ou você tem um? Se tiver, por favor, me ensine. As estrelas com as quais sonho são a cada ano-luz que alcanço mais inatingíveis. Não me perco no caminho, pois ele já deixou de existir. Eis o meu tratado. Sobre a Terra eu li. Sobre os homens que lá viveram vomitei. O vácuo parece ter mais consistência teológica do que as arquiteturas góticas que ocultam tanto sangue, ou vinho.  Os buracos negros são tão utópicos quanto os muros de Berlim, ou as muralhas da China, ou as faixas de Gaza, ou os turbantes das cabeças, ou as coroas de espinhos das cabeças.
Sob a inexistência do sol e sua luz tingida de violeta na prata da minha vestimenta me coube sentir o frio. Sob a inexistência do frio e o arrepio que me levantam os pelos senti o próprio vácuo. Aí na Terra lhes existem os astros e mesmo assim todos os sentidos lhes são roubados. Não é de número que vivo, divago na letra, em cada sílaba; divago no memorial da “minha” paixão.
No divã da esperança me torturo, contrariado. Reneguei a informação, traí a pátria e festejei com Alexandre, o Grande.
Se algo me faz corar pela saudade? Não muito. A terra vertiginosamente vermelha que, gretada, faz levantar da mansão dos mortos toda a natureza que em sua totalidade exuberante cobre a fragilidade humana de inescrupuloso cinza. Tudo é paisagem na terra, é tão infinito quanto o marasmo do universo que é incapaz de findar. Dos outros Alexandres da História a terra riu e continua; convergente do riso fácil.
Meu celibato é fruto do vermífugo da comunicação alienante que vos rege agora. Ser autêntico é crime; fuja do preconceito e sofrerá com ele. Antes cru e viscoso que estereótipo de Realengo ou Columbine. Antes verme dos textos do Velho Machado que Leão de Cannes. Antes morto pra Terra que para as minhas vísceras.
A minha saga continua andando na linha do Tempo e nem o Apocalipse pode apagar o meu eterno futuro.

GENEBRA - O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) debaterá na sexta-feira, 29, a situação dos direitos humanos na Síria, onde a repressão às manifestações pacíficas contra o regime do presidente Bashar Assad já deixou centenas de mortos e feridos.  (Fonte: estadão.com.br – 27/04/2011)

Sem, ao menos, chegar ao topo quero ir a Marte.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dedicado a um amigo

Nesses últimos dias aconteceu-me uma descoberta. Uma descoberta que foge ao significado comum, apesar de que o comum é algo do qual se descobre também. Bem, não quero ser demagogo e muito menos o querem estas singelas linhas, a autenticidade é a alma do negócio por aqui. Pronto! Está aí! Autenticidade e descoberta, as linhas de ouro da Medusa vão correlacionando as coisas na vida; e é assim também com os textos.

A descoberta tem nome, não precisarei citá-lo, pois o amigo a quem dedico o riscar dessa minha pena codificada nesse papel branco saberá que é ele o feliz ou infeliz.

Tal personalidade é na maioria das vezes o motivo do riso “autêntico” nas rodas boêmias do fim de semana. Motivado sabe-se lá porquê, o tal simplesmente não pára, é uma metralhadora de filosofias cômicas, de trejeitos jocosos, hábitos excêntricos (exagerados mesmo) e de uma face... quadrada, quase que pontiaguda.

As mulheres o amam; e o odeiam. Ao se preparar para mais uma noite de caça, na frente do espelho, ao reparar os detalhes do seu minúsculo topete no topo da testa retangular ele mira-se, olha-se com objetividade e diz a si mesmo “pais, segurem as suas filhas”.

Dono de uma capacidade de raciocínio fora do comum, o tal simplesmente surpreende os que o julgam em primeira instância. Todas as suas fétidas piadas partem do improvisar que o corriqueiro de uma roda de amigos proporciona, filosofa num palito de fósforo, às vezes é compreendido, às vezes não; mas o riso é sempre certo.

As naturezas são intensamente distintas, mas percebi com o tempo algumas semelhanças. A forma de expressão que nos difere.

Conheci-o na escola, mas o descobri agora. Amigo incomparável. Os poucos que tenho (ainda posso contar nos dedos de uma mão) agora têm a companhia de ti.

É curto este texto, mesmo. São curtos os códigos, às vezes não chegam a ter 128 barras. É só pra dizer que te estimo, sem clichês do tipo “conte comigo pra tudo”, ou “você mora aqui no meu coração”, pois a hipocrisia não lhe foi apresentada ainda, não é mesmo? A autenticidade é a alma do seu negócio.

E... “se eu quisé pulá eu paulo, meu véi!”