quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Série Diário de Bordo. Atividade de preparação a prova – Enquanto jovens


Escolher uma profissão não é nada fácil. Enquanto jovens sempre acalentamos a ideia de sermos exímios profissionais, afamados, requisitados, endinheirados. Da escolha, ainda enquanto jovens, apontamos o dedo àquela profissão que se aproxima das nossas afinidades, aquela com a qual sentiremos imenso prazer em exercer, regozijaremos frente às intempéries e às noites em claro porque isso é ser louco pelo que se faz. Mas, enquanto jovens, a exaltação é o pulso. A verve do pulsar. O sem-vergonhismo de quem tem uma vida inteira a desbravar. A jovialidade é mesmo bela e forte! Mas e o brainstorm?!
            Olha, como estudante, nestas últimas aulas de redação publicitária, tenho sentido o peso futuro da responsabilidade. Entendemos que escrever um texto publicitário tem as suas regras (um forte abraço ao Aristóteles onde quer que ele esteja), mas a criação em conjunto é um percalço que tem me feito sentir um pouco as futuras agonias; é preciso viajar na maionese, sim! Somos redatores num mundo cada vez mais visual. O ambiente pós-moderno prima pela apresentação das coisas – é opulento! Queria eu, de verdade, ter vivido nos século XVIII ou XIX pra assinar os folhetins e ler as novelas-romances! Texto era tudo naquela época! As imagens serviam para representar algo, o conceito girava sempre em torno disso, afora a temática, ou os impressionistas (meus prediletos!); mas, definitivamente, a fonte para o desabrochar da  imaginação das moças reprimidas com uma vida de encantamentos fúlgidos (mesmo as adúlteras, como a célebre Madame Bovary) eram os romances, os Balzac’s, Sthendal’s, os Vitor Hugo’s – a literatura francesa é mesmo rica! O cinema ainda longe, o surrealismo ainda longe, o Freud ainda um pouco distante, o Duchamp também... os textos e o teatro embriagavam!
            Mas, estamos nós aqui, na era da informação a criar textos para vender produtos e para vender ideias; conceitos que nortearão a vida das pessoas, textos que tocaram o emocional, que farão rir, chorar. Na última aula de redação tivemos que criar um texto publicitário completo com chamada e assinatura, usando a estrutura aristotélica para o corpo textual (mais uma vez, cara, espero que, onde estiver, esteja feliz dialogando com Sócrates em sua maiêutica ou viajando na maionese no mundo das ideias de Platão!). Mas escrever em conjunto, com os colegas de agência tem sido complicadíssimo pra mim. Não vou negar que sou chato, que monopolizo algumas vezes, quero que apenas a minha ideia seja levada em consideração, mas o meu grupo é demais, rimos bastante. Acho que eu sou o chato da turma! Preciso trabalhar meu senso de trabalho em conjunto.
            A sexta-feira tava quente pra caramba! Tive meus quinze minutos de fama entre o pessoal da sala quando o professor disse que o Germano leu os textos de todo mundo e gostou do meu (até postou no perfil dele no Facebook!). Fiquei feliz demais! Demais mesmo! Motivação ao cubo pra escrever – o que dá pra se perceber aqui, né senhor Thiago, as quatro laudas já se perderam faz tempo!
            Mas,enquanto jovens, somos assim  mesmo, até lermos um pouco de Borges e um pouco de Saramago... e um pouco de Sartre! Pronto, caímos no vazio das centenas de milhares de informações nesse cenário sem nada de definido e palpável que é o pós modernismo e nada de grandes acontecimentos nas nossas vidas gasosas.
            Chega, né?