quinta-feira, 21 de março de 2013

James, o publicitário que escreve no fluxo da consciência

ROTEIRO PARA UM FILME PUBLICITÁRIO – Institucional (lembrei-me do livro do Reinaldo Moraes, Pornopopéia – a personagem central do filme vive uma situação parecida, precisa criar um filme para uma campanha institucional de uma indústria de enlatados de salsicha, ou frango, não me lembro ao certo. O fato é que a personagem não vivia tempos muito fáceis. Tratava-se de um maníaco viciado em orgias, cocaína, álcool e outras drogas).
CLIENTE: Não definido (eu preciso escolher um, talvez uma ONG que resgata jovens estupradas nos países que vivem em guerra civil no leste do continente africano; ou que salvem cães das mãos de indústrias farmacêuticas inescrupulosas que os utilizam para testes em novos medicamentos e depois os aprisionam e sacrificam, sei lá...).
CONCEITO: Algo relacionado a Ética, a Platão e Sócrates. Aliás, acho engraçado Sócrates ter sido um mendigo analfabeto, isso reforça a idéia de que nem sempre os moradores de rua são pessoas de papo ruim. Qualquer dia desses, eu paro pra bater um papo com algum, quem sabe não me torne um aproveitador como Platão e escreva o Mito da Calçada Esburacada, ou o Mito do Mocó do Minhocão? - Escolher uma das frases anotadas no caderno durante a aula de Ética e Legislação Publicitária. As frases são... putz!, esqueci, mas algo parecido com:
            - É melhor sofrer a injustiça do que praticá-la.
            - Ser um indivíduo ético, mesmo sem a existência da lei.
            - O homem que se deixa governar pela razão é mais feliz.
            - Praticar a ética é praticar o bem e, consequentemente, ser mais feliz.

Rascunhos, ideias e pesquisas jogadas no “papel”, ao som de James Brown e tomando muito café num dia morno. Alguns livros espalhados pela mesa: Charles Bukowski, Roberto Bolaño e Vinícius de Moraes.

            Bom, vamos analisar frase a frase e a ideia que carregam de forma prática. “É melhor sofrer a injustiça do que praticá-la” me faz lembrar Jesus Cristo e aquela  história manjada do cara que dá uma mãozada no rosto de outro cara, no que este lhe oferece o outro lado da face pra receber outra bofetada (eu no lugar do primeiro daria outra, só de pirraça!). Não me parece muito cristão!
            “Ser um indivíduo ético, mesmo sem a existência da lei”, essa é a frase que mais me agrada. Já que ser ético é agir conforme os valores morais em voga na sociedade. Todos os dias as pessoas vão aos seus trabalhos, retornam as suas casas, dormem e retornam ao trabalho e a coisa segue esse fluxo viciante e asfixiante. As músicas que ouvimos já não dizem tanto, ou até dizem, mas nada que seja reflexivo; os livros que lemos já não são mais licenças poéticas, o eu lírico morreu, é tudo muito degradado. A crítica não diria que Charles Bukowski transformou a sarjeta de sua vida em arte, mas diria que transformou a realidade da vida em arte.
            “O homem que se deixa governar pela razão é mais feliz.” Nem preciso dizer nada quanto a isso, né? Coisa mais piegas nunca ouvi!
            “Praticar a ética é praticar o bem e, consequentemente, ser mais feliz.” A que ponto chegamos? Essa frase me faz pensar sobre o conteúdo programático do nosso curso de Ética e Legislação. Se Sócrates fala do bem e da moral e da felicidade e da justiça e blá blá blá, então somos estudantes anacrônicos. É démodé ser do bem. Quem liga pra isso? Quero o meu depositado na conta no fim do mês e nada mais.

            Bem, acho que hoje já trabalhei demais nesse case. Acho melhor ir pra casa, fumar alguns cigarros, beber alguma coisa (vodca com suco de maracujá, talvez!), assistir uma programação adulta na tevê... Sei lá, a ideia é desanuviar a cabeça, relaxar. Amanhã eu volto a todo gás e acabo com essa brincadeira de uma vez!

Continua amanhã...

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