quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Hipocrisia por um hipócrita


Não é de todo tola a alcunha destinada ao dicionário de Pai dos Burros. Existe, de forma clara, a semelhança de comportamento entre a intransigência desse animal quando empaca e dos seres humanos quando não se convencem por si mesmos das próprias convicções. Não se mostra necessário consultar ao Oráculo da nossa ignorância, por exemplo, o significado (e é incrível como o significado das coisas tomam dimensões hiperbolizadas quando o objeto da significação nos é introduzido, doloridamente, pelo reto!) da palavra hipocrisia. Ora, claro está o que comumente queremos chamar de hipocrisia, é só nos tornarmos cegos. Mas não uma cegueira escura, aquela branca onde parecemos ser náufragos num mar de leite. Um exemplo de hipocrisia é o altruísmo e idoneidades humanas. Somos a ideia que temos de nós mesmos, acreditamos nas coisas que criamos e acabamos por sermos domados por elas. Mais um reles e ínfimo demonstrativo da nossa mísera condição.
            Imaginemos se oitenta por cento da população votasse em branco em eleições diretas. Não deixariam de exercer dentro das normas cívicas o seu direito enquanto cidadãos, mas como poderíamos chamar a tal fenômeno? Talvez anarquia, talvez motim, talvez desprezo ou displicência, revolução, inapetência, amoral, infâmia, despautério, democrático, antidemocrático, infâmia... Poderíamos nomeá-lo conforme a nossa própria doutrinação. E doutrina, nada mais é que fetiche, porque nos gratifica e calam as nossas necessidades, sejam elas de ordem sexual ou racional ( o que não deixa de ser sexual também!).
            Este hipócrita que vos fala vê que, em entrelinhas, até os incrédulos clamam aos deuses pelo alvejar de suas próprias máculas. 

Um comentário:

  1. Foi fundo, hein?

    É muito gostoso colocar esses jorros de ideias nos nossos texto!

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