Não
é de todo tola a alcunha destinada ao dicionário de Pai dos Burros. Existe, de
forma clara, a semelhança de comportamento entre a intransigência desse animal
quando empaca e dos seres humanos quando não se convencem por si mesmos das
próprias convicções. Não se mostra necessário consultar ao Oráculo da nossa
ignorância, por exemplo, o significado (e é incrível como o significado das
coisas tomam dimensões hiperbolizadas quando o objeto da significação nos é
introduzido, doloridamente, pelo reto!) da palavra hipocrisia. Ora, claro está
o que comumente queremos chamar de hipocrisia, é só nos tornarmos cegos. Mas
não uma cegueira escura, aquela branca onde parecemos ser náufragos num mar de
leite. Um exemplo de hipocrisia é o altruísmo e idoneidades humanas. Somos a
ideia que temos de nós mesmos, acreditamos nas coisas que criamos e acabamos
por sermos domados por elas. Mais um reles e ínfimo demonstrativo da nossa
mísera condição.
Imaginemos se oitenta por cento da
população votasse em branco em eleições diretas. Não deixariam de exercer
dentro das normas cívicas o seu direito enquanto cidadãos, mas como poderíamos
chamar a tal fenômeno? Talvez anarquia, talvez motim, talvez desprezo ou displicência,
revolução, inapetência, amoral, infâmia, despautério, democrático,
antidemocrático, infâmia... Poderíamos nomeá-lo conforme a nossa própria
doutrinação. E doutrina, nada mais é que fetiche, porque nos gratifica e calam
as nossas necessidades, sejam elas de ordem sexual ou racional ( o que não
deixa de ser sexual também!).
Este hipócrita que vos fala vê que,
em entrelinhas, até os incrédulos clamam aos deuses pelo alvejar de suas
próprias máculas.
Foi fundo, hein?
ResponderExcluirÉ muito gostoso colocar esses jorros de ideias nos nossos texto!