quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mordendo a gola da camisa

Creio que a pessoa que se comprometa a escrever uma História da Fé se frustrará. Não porque saiba diante mão que não chegará a lugar algum, mas, e isso é o que podemos não chamar de fundamentalismo, se deparará, intrigado, diante de uma ambivalência desleal. Ou melhor, diante de uma bifurcação de sinuosas veredas: a humanidade é um conglomerado dividido entre evolucionistas e criacionistas. E ponto. E pronto.
      Ponto porque acaba nisso. Ninguém se interessará daqui por diante em divagar sobre os misteriosos planos que as entidades sobrenaturais oniscientes e onipresentes têm para os nossos pescoços. Muito menos os evolucionistas querem outra coisa senão esperar; adaptam-se e esperam, eis o que fazem.
      O que aconteceu com Deus é o inverso do que ocorreu com os meios de comunicação de massa. Deus não se adaptou e hoje foi engolido. Talvez esteja preso na caixa de Pandora, junta da esperança. Continuamos deflagrados por esse mal, a esperança! Somos indivíduos que esperam. Ponto para os evolucionistas.
     Pronto porque estamos preparados para o que der e vier, mesmo que não saibamos o que dará e o que virá. Atiramos de forma assodada no escuro. Já passou o Hitler, o Allende, o Géiser, o Mussolini, o Lênin... Lutou-se bravamente contra a ordem e a moral impostas. Hoje somos crianças fantasiadas de super-man. Fomos banidos de nosso planeta original para lutar contra um mal invisível. Tudo o que é abstrato é invisível. Ser invisível é não ter forma. Deus é invisível, o prazer também. Deus e o profano guerreiam e a dor triunfa. E a dor torna-se prazer.
     Uma História da Fé tem pano pra manga! Talvez a pessoa que se comprometa com essa odisséia (e não digo odisséia por acaso, tratar da fé é voltar no tempo, sim!) traçará uma perspectiva ímpar sobre o futuro. Talvez ele perceba que suas palavras são livres. Perceba que elas não se enquadram em ideologia nenhuma. Talvez perceba que escrever é ser imparcial e preciso, dinâmico e envolvente (preciso urgente de um cigarro!), talvez a pessoa que se comprometa a escrever a História da Fé se torne incrédulo e sinta dor. A ponto de morder a gola da camisa.

2 comentários:

  1. Escrever a história da Fé seria um labirinto.
    Labirinto profano de realidades e outras realidades. Provas que provam que nós, raça "humana" sabemos mais precisamos e menos do que deveria. Pra que explicar a Fé? Pra que explicar a evolução?
    Você vai morrer e essas respostas serão jogadas ao vento, como rosa que cai ao chão!
    A unica coisa que essas teorias fazem é perdas de tempos e perdas e mais perdas....

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  2. As palavras, sejam elas ditas ou escritas, são eternas, lembre-se disso! A ideia não é explicar a Fé, explicar a evolução, mas traçar uma "História da Fé". Eu seria incapaz de fazer isso. Mas deduzo (mais divago que deduzo) que quem se propuser a, de forma científica, traçar a "História da Fé" se de parará com a segmentação, dois grupos humanos, duas formas de se posicionar. E, por favor, não confunda fé com posicionamento. Pocisionamento é identidade, conjunto de valores e hábitos, e habitat's.
    A Fé é inexplicável, mas a história da conduta humana que está ligada a ideia que temos de fé pode ser registrada.

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