sábado, 5 de março de 2011

Vômito 2010

Caro leitor, eis-lhes um gorfo! 2010 foi mais ou menos assim para o emissor do "Cru e Viscoso": 


Alguém aí sabe me dizer o que foi que eu fiz? Sei lá! Algum ato cometido na linha da realidade que se entrecruzou com a linha do mundo fantástico, mitológico ou sobrenatural? Atirei pedra na cruz, quebrei o chifre do unicórnio, abri a caixa de Pandora, olhei nos olhos da Medusa, pus fogo em Roma, entrei sem tirar o tênis no templo sagrado de Buda, chutei vela de sete dias, pisei na grama do jardim da casa do Curupira ou fumei no cachimbo do Saci?
Pois olha, caríssimo amigo que, sem ter o que fazer, passa com os olhos por essas linhas mal escritas, as coisas não estão caminhando pra frente com o autor deste texto.
Lembro-me dos velhos resmungos de vovó, que já naqueles idos tempos eram velhos, rogando já o infindo descanso como remédio das dores, das decepções, das dívidas (que ela nem pagava e nem ao menos sabia que existia), dos filhos ingratos e do Corinthians, palavra esta que ela nunca soube pronunciar, dizia com dificuldades “Curinga”!  Pois é, ouvia vovó reclamar de tudo isso num som uníssono como se falasse uma palavra apenas e, meio que sem entender entendendo, me perguntava por que as pessoas velhas reclamam tanto? Será que não aprenderam nada em todos esses anos? E cá estou eu, mal aberta a segunda década da minha existência, reclamando! Ainda muito falta pra chegar na idade que minha avó tinha. Mas a fantasia do acaso carregado de negativismo já tomou conta da minha alma e sinto que a medida que o tempo passa me torno mais ranzinza.
Como é possível acontecer tantas coisas ruins com um só indivíduo em menos de duas semanas, ou como saldar algum lucro no fim de um ano como este? Se tem uma coisa pela qual sou apaixonado, essa é o futebol! Corinthiano de sangue preto e branco! Comecei o ano otimista e terminei sem ter nada no ano do Centenário do meu Timão. Muitos de vocês dirão “deixa isso pra lá, futebol não leva a nada”, mas algo que faz pulsar o coração leva a muita coisa. E o pior é ver o fim do Campeonato, regado a muito uísque, acabar de forma pífia. Da eminência de ser campeão passa para a “honrosa” terceira colocação!
No campo profissional sua vida é aquela rotina de máquina, que te faz enrugar com “aparência de felicidade”! Aquele ônibus lotado, aquelas poucas notas animalescas contrastando com as muitas notas fiscais que surgem ao fim de cada mês.
           No amor aprendi que o relacionamento mais douradamente duradouro que possa ser que exista é o seu por você mesmo, ou no máximo o seu pelo da sua mãe. Ainda assim permaneci sentado no divã, durante alguns meses. Sub-julgado pelas teorias psicoterapêuticas da pessoa amada que me fizeram perder a cor da alma, ir de encontro ao passional de mim mesmo, que fizeram converter-me naquilo que amo (como já disse o poeta tão desafortunado quanto eu) e ficar admitido na satisfação do outro. E logo assim me deixei aprisionar na armadilha daquilo que tinha como trunfo, como carta guardada na manga. Logo eu que sou fã e adepto dos modelos mais antigos de romantismo, adepto das flores e do chocolate, das faixas declarativas e das poesias acompanhadas de violão embaixo da janela. Doce engano. Os livros já me tinham dito. A vida também já havia me ensinado uma vez. Mas o que será que eu fiz, atirei pedra na cruz...? A análise psicológica dos seus gestos, das suas leituras, das suas palavras, das suas atitudes deve ser apenas sua, se outro o fizer (o novo homem ou a nova mulher, blah!) você perde a identidade, perde o humor, perde a paixão e perde sem perceber achando que está tudo bem, viu Jabor!? Também temos instinto e individualidades! Só sei que depois deste ano vou preferir ouvir as antigas entrevistas do Biro-Biro ao ler estas novas poesias de “liberdade caia com as asas sobre mim que sou novo homem ou nova mulher”, foi assim que o Nietzsche ficou “louco”. E tudo isso deve ser lido assim mesmo! Uníssono! Como os antigos resmungos de vovó!


Nenhum comentário:

Postar um comentário